20/12/2011 - UM ANO SEM "DONA FLORA"
Não é idolatria, não, gente! É reconhecimento! Saudade mesmo!
Era manhã de uma sexta-feira quando um amigo me ligava. Ao seu lado estava um sobrinho meu. Aquele amigo me dava a notícia que acabara de receber do meu sobrinho, as 06h30m, sobre o falecimento da minha querida FLORA. Foram anos e anos de preparação para recebermos, como família, a inevitável notificação. Na hora H, nenhum de nós estava verdadeiramente preparado! Aos poucos fomos nos achegando ao Hospital Adventista de Belém, cada um querendo demonstrar tranquilidade e, com isso, fortalecer ou encorajar os demais. Nos acotovelávamos pelos corredores do Hospital aguardando a transferência para a igreja da Pedreira, que ela sempre amou e para onde sempre insistia em ir, mesmo em cadeira de rodas. Sempre foi seu desejo acompanhar seus familiares a "Casa de Deus", expressão sempre usada por ela.
Foram cinco anos de uma luta incansável pela vida. Seu coração pedia paz e descanso. Mas sua fibra e vontade de continuar com os seus, acompanhando cada vitória ou compartilhando a luta de cada um, não importando quem fosse, era algo extraordinário, que até hoje foge a minha compreensão.
Isso me faz lembrar uma colocação que sempre o Pr. Pinheiro, da Divisão Sul Americana sempre fazia ao realizar o lançamento da jornada espiritual ao se dirigir aos anciões e líderes de igrejas sobre a necessidade de contrariarmos as vontades do nosso coração. Dizia ele: "..quando você tentar se levantar na madrugada para horar durante essas quarenta noites e for tentado a continuar dormindo, diga ao seu coração "coração, coração; toma jeito coração"! Claro que o contexto era outro, mas posso imaginar que quando Deus a chamava dizendo: "Flora, já chega. Você merece descansar agora para despertar na manhã da ressurreição"! Posso imaginá-la dizendo: " Pai, só mais um pouquinho. Eu preciso ver a Brenda casar, o Oséias reintegrado a Câmara, o Marco Antonio batizado, minhas netas Carla e Adriele formadas..Senhor, ainda não...Só mais um pouquinho, por favor"!
E lá se foram cinco anos de uma incansável luta pela sobrevivência. Quantas vezes nos recolhiamos ao final da noite para dormir aguardando sermos despertados durante a madrugada com uma informação fatal. Lembro que um dia ao retornar ao hospital certa manhã encontrei minha mãe de alta da UTI. Olhei para o Orlando, meu irmão e indaguei: mas ela não estava praticamente desenganada ontem? Juntos demos uma sonora gargalhada sem entender muito bem...Mais uma vez Deus a havia poupado e só ele e ela sabiam porque. Outro episódio muito marcante de sua enfermidade eram os "pitos" ou chamadas de atenção que ela dava em qualquer um; fosse médico, enfermeiro, filhos, filhas, netos, genros, noras e etc...Era o jeito de ser da Dona Flora...A cada semana um da família ficava na berlinda por receber os puxões de orelha da nossa matriarca.
Mas, o inevitável aconteceu! Minha mãe viu minha irmã Oscarina retornar de longos anos passados fora de Belém para acompanhá-la em sua dura jornada contra uma cruel enfermidade. Viu minha sobrinha Brenda subir ao altar, mas não me viu de volta a Câmara Municipal, preocupação que sempre teve. Minha mãe jamais desejou que fossemos "pesados" a alguém Não pude, ao longo de dez anos, tempo que durou meu afastamento da Câmara e duros embates judiciais, dar-lhe um presente sequer como fruto do meu trabalho. Minha mãe não teve a alegria de ver meu irmão Marco Antonio ser batizado. Aliás, alguns sonhos e expectativas minha mãe não pode ver realizadas enquanto em vida. Sonhou e orou por muitos deles, os quais não convém elencar aqui, mas foi para o túmulo sem poder ver tornadas realidade alguns que tanto ansiava. Sei que lhe estão reservadas muitas surpresas quando Deus a chamar para entregar-lhe o galardão eterno. O maior prêmio, no entanto, aquele pela qual seus joelhos dobraram-se muitas e incansáveis vezes, será ver seus filhos enfileirados, recebendo um a um a corôa da vitória das mãos do próprio Cristo, que por eles verteu seu precioso sangue. Deus a tomará pelas mãos e dirá: "Flora, olha que surpresa Eu tenho pra você: Oscarina, Joel, Rute, Orlando, Luzia, Maria, Eunice, Oséias e Marco e todos os seus descendentes. São quase 50...receba-os de volta...Eles são os troféus pelos quais você tanto lutou. São seus".
Que gôzo será!
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