REMINISCÊNCIAS POLÍTICAS
Era o ano de 1986. Motivado pelos amigos e irmãos da igreja e ancorado em meu "bom curriculum" de serviços prestados a causa adventista, aceitei o desafio de lançar-me candidato a vereador de Belém. Sempre desfrutei de um ótimo relacionamento com todas as correntes da Igreja. Como ancião de igreja já havia atuado por um bom tempo. Hoje já se vão mais de quinze anos apenas nessa função. Esta mesma igreja deu-me a oportunidade de atuar como Regional de Jovens da Missão Baixo Amazonas, função que correspondia a uma espécie de assessoria ao departamento de jovens da Instituição. Tínhamos uma equipe de primeira. Que saudades daquela época. Eduardo Corrêa, Joctã Paula da Costa, Abmael Neves, Flávio, Jorge Alberto, Vanderley, Carlos Franco e outros, compunham a equipe de lideres de jovens de cada distrito. Fomos comandados por Ednelson Storch, Ezequias Guimarães e Adalmiro John Andrade.
Por mais de cinco anos tive também a oportunidade de presidir o Centro de Atividades Recreativas da Igreja Adventista, no coqueiro, hoje chamado de Coqueirão. Por dois mandados fui também chamado a compor a mesa administrativa do Campo, participando de célebres decisões. Essas são apenas algumas das funções que desempenhei com muito amor e responsabilidade, que davam-me a impressão que, uma vez anunciada minha candidatura, votos choveriam de todos os lados.
Quero dizer que fiz todo esse preâmbulo não para buscar quaisquer tipos de recompensa. Desempenhei essas atividades como voluntário e estive ciente disso a quando dos convites e votos tomados em meu favor. Portanto, a Igreja não me deve nada por isso. Nem mesmo os "votos".
Cheguei a dura conclusão que sem dinheiro, só com as amizades e a boa vontade de continuar servindo a Igreja, e não me servindo dela, seria impossível alcançar esse objetivo. Nunca, jamais alguém vai dizer que meus votos foram comprados na "bôca de urna", que todos sabem como acontece. Foram 648 votos fiéis, autênticos, de pessoas que acreditaram na minha história. Com 2.700 votos eu seria eleito. Jamais revoltei-me com a igreja por não haver alcançado um objetivo que, afinal, seria todo ele voltado a meus irmãos.
Disse tudo isso para relatar os seguinte episódio. Encontrava-me na frente do Instituto Adventista Grão Pará há poucos dias da eleição. Inesperadamente surge a minha frente a secretária do colégio, cujo nome não mencionarei. Olhando em meus olhos pediu minha atenção e, com uma sinceridade que ví poucas vezes, declarou-me: " Oséias, vim dizer a você que meu voto não será seu. Você é uma pessoa dedicada a igreja, filho de uma familia tradicional, um bom cristão e, não quero você numa vida de perdição. Você sabe muito bem o que acontece nesse meio. Portanto, meu filho, vou votar no outro candidato que já está fora da igreja mesmo e não tem nada a perder. Não quero ficar com a consciência culpada depois por haver com meu voto contribuido pra você sair da Igreja".
A princípio, confesso que fiquei um pouco chateado. Anos depois, porém, entendi que Deus estava me poupando.
Ser como Daniel, José e outros, na atual conjuntura política, realmente não é tarefa fácil!
Nossa Igreja até hoje continua sem um representante genuinamente oriundo dos nossos quadros, de uma das nossas congregações, que frequente nossas atividades, independentemente da época de campanhas políticas.
Sem desejar fazer comparações ou querer crucificar quem quer que seja, vale lembrar que um pastor de uma igreja evangélica com séde no bairro da Pedreira ( não é a adventista ), renunciou ao mandato por corrupção. Seu mais fiel aliado, também pastor, foi denunciado pelo ministério público pelo mesmo motivo, recentemente. Outro, de também conhecida religião, com muita expressão em nosso Estado viu-se envolvido no mesmo fato e não conseguiu mais reeleger-se.
Hoje, um grande amigo, educador, motiva-me sempre que me vê a tentar mais uma vez.
Definitivamente, estou fora!!!
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