sexta-feira, 18 de junho de 2010

NUNCA MAIS AS LÁGRIMAS


Retornava do bairro do Marco na noite da última quarta-feira, acompanhado de minha filha de 11 anos, a qual havia ido buscar na casa de uma amiga. Mal nos preparavamos para descer do coletivo que nos transportava, do outro lado da rua ouviamos um som como de uma lata sendo amassada. Voltamos nossos olhares, curiosos, para ver do que se tratava. O que vimos a seguir deixou-nos perplexos e assustados. Um veículo havia batido num daqueles carros de mão de madeira que algumas pessoas utilizam para retirar e transportar entulhos. Até aí, nada de anormal. Imagivamos que o motorista poderia ter cochilado ou até, quem sabe, estar conduzindo embriagado e, na sua imprudência e falta de percepção, contribuido para aquele simples acidente.
Ocorre que, do interior do veículo, algumas mulheres saíam desesperadas, clamando por socorro. O choque parecia de tão baixa proporção que ficamos sem entender ao certo o que justificava todo aquele desespero. Rapidamente, no entanto, alguns transeuntes passaram a mostrar solidariedade com o quadro que se avistava. Eu e minha filha continuavamos do outro lado da rua, ainda como observadores ignorantes quanto a situação e pela nossa frente ainda transitava um grande número de veículos.
Passamos a compreeder que algo grave havia ocorrido quando populares correram em direção ao posto da 192, que se localiza bem próximo a minha residência, na Cidade Nova III, em busca de socorro médico.
O que ocorreu, na verdade foi que o motorista do veículo que supostamente provocara a colisão com o carro de mão na verdade havia sido baleado por não atender ao pedido de assaltantes para parar o veículo. Esse, na verdade, era o motivo do desespero das pessoas que saíram de dentro do automóvel que havia se chocado devido o condutor encontrar-se gravemente ferido.
Apressei os passos para deixar minha filha em casa e retornei, minutos depois para tomar conhecimento da veracidade do ocorrido e lá já se encontravam duas ambulâncias e os primeiros socorros estavam em andamento, com o ferido deitado sobre o asfalto e seus familiares inconsoláveis, sendo confortados por curiosos que continuavam a chegar.
Não entendi porque exatamente o cidadão baleado não foi conduzido logo ao hospital! Minha aflição aumentou quando, por entre a multidão, pude observar claramente aquela massagem cardíaca que os paramédicos fazem quando a situação lhes estar fugindo ao controle. Comecei a ter, então, a exata noção do desespero dos familiares. Ouvi alguns dizendo: " Acalmem-se, ele já está sendo atendido e passa bem". Ocorre que somente elas, que encontravam-se dentro do veículo a quando do baleamento notaram a forma como seu ente querido se encontrava logo após o tiro. Aquele era o desespêro de quem previa o pior.
Retirei-me dali muito angustiado e preocupado. Entrei no Formosa e quando sai a multidão já havia se dispersado e o ferido conduzido em uma ambulância para o Hospital Metropolitano.
Aguardei até a manhã do dia seguinte para ouvir por uma emissora de rádio alguma noticia sobre o ocorrido. Só as 07h15 da manhã, quando me encontrava na frente do Terminal Rodoviário, ao ler o jornal, tomei conhecimento do falecimento daquele pai de familia.
Antes de dormir, na noite do crime, passei a orar a Deus pelo conforto àquela familia. Ao tomar conhecimento da morte do cidadão, minhas orações se dobraram. Passei, então, a colocar-me no lugar daquelas pessoas que, provavelmente, retornavam de uma atividade em familia. Quem sabe um jantar, um passeio, uma visita a parentes ou amigos. Saíram de casa como uma familia completa e retornaram sem o chefe da família.
Ao chegar em casa assisti pela televisão o Pr. Ivan Saraiva pregar sobre a mensagem de apocalipse que diz que no céu "Deus nos enxugará dos olhos toda a lágrima". Como eu gostaria de dizer isso aquela familia despedaçada pela dor! Imagino suas indagações: mas, por que? É justo que um pai de família saia alegre com seus filhos (e alí havia um menor de colo) e, sem contribuir com exatamente nada perca a vida? Perguntamos, porque ó Pai?
Sabemos que Deus tem um propósito para todas as situações! Oro, continuo orando para que Deus, com sua sabedoria alcance e conforte aquelas pessoas enlutadas! Peço a você, que no momento lê esta matéria que, mesmo desconhecendo as pessoas enlutadas, também, por alguns segundos interceda a Deus por elas.
Precisamos fazer o nosso melhor para abreviar aquele dia no qual como diz o cântico dos Arautos do Rei " Uma coisa Deus prometeu; um novo mundo vai começar. Nunca mais o mal virá, nunca mais. Nunca mais as lágrimas, nunca mais a dor, nunca mais o sofrimento, só a paz e o amor. Muita alegria ao lado do Senhor. Nunca mais as lágrimas, só o amor"!

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